Filosofia de seleção

-A filosofia de seleção praticada por mim tem como objetivo voltar a fazer o que meu pai, Arnaldo Zancaner, fazia, ou seja, produzir touros a campo de alto mérito genético.

Para isto, fazemos o seguinte:

As fêmeas entram em reprodução com aproximadamente 1 ano  de idade.

A estação de acasalamento é de 90 dias.

Ao final da estação todas as fêmas vazias são descartadas, incluse as novilhas precoces.

Como reprodutores, utilizo sêmen de touros com maior MGTe disponíveis no mercado, acasalando as vacas em partes  aproximadamente iguais para cada touro, mantendo o grau de parentesco de cada vaca com seu touro em no máximo 10% para evitar consanguinidade elevada. Aplicamos ainda outros filtros na seleção de touros, tais como peso ao nascer (queremos baixo), precocidade de acabamento (queremos aumentar) etc...

A seleção é a campo, e o manejo alimentar dos animais é o de um rebanho comercial, para evitar artificialismos na seleção.

O objetivo é fornecer aos criadores-clientes touros de alto valor genético que propiciem a  produção de carne com eficiência no centro-oeste do Brasil, utilizando em um rebanho Nelore comercial touros de nossa produção em monta natural.

Como os touros que produzimos têm um MGTe alto, fruto de uma forte pressão de seleção, é possível produzir animais para abate e reprodução de ótima qualidade a custo baixo, fruto de um sistema de produção simples: estação de monta curta utilizando touros Top MGTe.

Em nossa opinião, é mais simples, mais barato e menos arriscado utilizar touros na monta do que inseminação artificial, IATF ou não.

Se o cruzamento industrial tem a vantagem da heterose, seus pontos fracos são a necessidade de usar inseminação artificial e a reposição de matrizes, que pressupõe encontrar no mercado fêmeas de alto valor genético, adaptadas para a sua fazenda, filhas de vacas férteis.

É mais fácil e seguro produzir estas fêmeas do que adquiri-las no mercado.

Abaixo, trecho de reportagem de autoria do Nogueira, repórter da DBO, atualizado por nós em relação aos números de animais e rebanhos.

"O processo de seleção em gado Zebu da família Zancaner, foi iniciado nos idos de 1930 e passou, a partir de 1962, a se submeter a avaliações científicas até então desconhecidas da criação nacional. Responsável na época pelo plantel, Arnaldo Zancaner levou ao pesquisador Warwick E. Kerr, catedrático do Departamento de Genética da Faculdade de Medicina, da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto, suas preocupações com o rumo da pecuária zebuína de elite no País, marcadamente voltada para a exaltação dos padrões raciais, em detrimento das características econômicas, como fertilidade, habilidade maternal, ganho de peso e rendimento das carcaças em carne.

Foi essa preocupação o embrião do atual Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore (PMGRN), agora realizado pela Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANPC) e coordenado pelo pesquisador Raysildo Lôbo, que envolve mais de 300 fazendas (hoje 450) e mais de 2 milhões (hoje com 3.5 milhões) de exemplares Nelore em todo o país. E continua a ser a preocupação de Roberto Zancaner – que, desde 1980, acompanhava de perto o trabalho do pai e o auxiliava na gestão das propriedades da família –, a quem coube, por partilha, em 2002, um lote de 65 matrizes registradas do principal núcleo seletivo do plantel.

São essas matrizes, hoje ampliadas para 300 (hoje 450), que formam a base do plantel fornecedor de touros. Acasaladas anualmente a partir dos dois anos de idade (hoje a partir de um ano de idade), em uma estação curta (90 dias), as fêmeas que falham (pela segunda vez na segunda estação) são sumariamente descartadas. Na definição dos acasalamentos, há um fator de decisão fundamental: o sêmen é escolhido dentre os reprodutores avaliados pelo PMGRN (hoje Programa Nelore Brasil) com os de melhor Mérito Genético Total (hoje Mérito Genético Total Econômico).

É essa reputada genética que Roberto Zancaner coloca à disposição da pecuária brasileira, com o compromisso de pôr nas propriedades reprodutores capazes de concretizar, na criação a campo, o potencial genético acumulado pelo persistente e nunca interrompido processo seletivo, exclusivamente realizado a pasto.

Esse é um compromisso de que Roberto Zancaner não abre mão, cioso de suas responsabilidades como guardião de marcas com história consagrada na vida do Nelore brasileiro."

Enfim, estou bastante satisfeito com a eveloção de meu rebanho.

Conforme avança o MGTe médio do meu rebanho, aumenta a precocidade sexual, o peso à desmama e os animais chegam na condição de "prontos para abate em menos tempo".

Tudo isto sem me preocupar com caracterização racial, "pureza da raça" e outras distrações que atrapalham eficiência da seleção, diminuem a velocidade do ganho genetico e nada agregam ao processo de melhoria na produção de carne com eficiência.

Atualizado em março de 2021.